Padres Missionários

A Consagração virginal é um chamado de Deus e um carisma que a Comunidade acolhe com alegria e ação de graças. A vocação à Vida Consagrada é a história de um desejo, de uma sede. A Vida Consagrada, no meio de nós, é um chamado a deixar tudo para seguir Jesus de mais perto.

Alguns irmãos que já fizeram seu caminho na Vida Consagrada podem aspirar a um chamado ao diaconato permanente ou ao sacerdócio. É com ação de graças e alegria que a comunidade acolhe cada um desses chamados. Alguns padres diocesanos ou diáconos permanentes já ordenados podem ser chamados pelo Senhor a entrar na Comunidade.

Cada irmão ordenado tem o cuidado de manter laços de comunhão e de proximidade com os responsáveis da Comunidade, assim como com o seu Bispo de incardinação e com o Bispo ordinário do seu lugar de vida e missão. Exerce o seu ministério no seio da Comunidade e nas missões que podem ser-lhe confiadas. Ele deve celebrar cada dia o Ofício Divino com fidelidade.

(Trechos da Regra de Vida)

Missionários

Uma evangelização missionária não é um conjunto de práticas mais ou menos ligadas à missão, como garantia de fidelidade. Ela é a própria missão, com seus critérios, atitudes e opções, animadas pelo Espírito de Jesus. Optar a partir de Jesus Cristo, que é o evangelizador por excelência; transmitir a imagem e a ideia de Cristo que o evangelizador adquiriu, com todas as suas consequências, segundo a fé da Igreja. (…) O desafio maior é a esperança cristã e essa audácia missionária, que eu quero encontrar em cada sacerdote.

É muito bonito a gente ouvir promessas vindas da parte de Deus! Nós somos homens chamados a ser profetas anunciadores da esperança. Já basta a existência de pessoas que vão anunciar destruições, desgraças e dificuldades. Faz parte da vida e vocação do padre ser capaz de mostrar o rumo, a esperança, o sentido, o gosto pela vida. É o que povo de Deus tem o direito de esperar da nossa parte: gente que é capaz de enxergar aquelas sendas da esperança. Jesus teve que formar os seus discípulos para isso. (…)

Atitude de misericórdia é saber respeitar o mistério da pessoa, guardar o sigilo, dizer aquilo que você sabe e pode, ser capaz de encaminhar para o sacerdote e amanhã, como padre, ser acolhedor com todas essas situações, as mais difíceis que possam existir. Jesus nos arranca da tentação de um amor abstrato e idealista, levando-nos a construir a fraternidade em nossas relações humanas, na misericórdia com os rostos concretos que encontro a cada dia.

Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Santa Maria de Belém e Bispo Garante da Comunidade Sementes do Verbo

Ser Padre …

O padre em comunidade transmite graça que recebe diariamente na meditação da Palavra e do ensino da Igreja. Ele tem a preocupação de ensinar pelas suas palavras e seu modo de vida todos aqueles e aquela que o Senhor lhe confia, a exemplo de Cristo Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Seus ministérios sacerdotais e suas vidas missionárias são fundadas sobre bases sólidas e profundas: os conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, vividos de forma simples e encarnada, numa vida doada a serviço da Nova Evangelização. Os padres missionários são chamados a uma sólida vida espiritual, através da celebração cotidiana da Missa, assim como a oração e meditação da Liturgia das Horas. A Adoração Eucarística diária é um dos pilares da vida consagrada do sacerdote.

O padre numa comunidade é um homem de Deus, um irmão entre irmãos, no sentido onde ele é chamado à santidade, assim como todos os outros irmãos e irmãs dos outros estados de vida. Esta simplicidade fraterna é importante, tanto para o tipo de relações no interior da vida comunitária, como com aqueles que encontramos nas diferentes missões, sobretudo perto dos mais pequenos e mais pobres.

Diácono Georges Bonneval, Fundador da Comunidade Sementes do Verbo

Não podemos evangelizar, não podemos fazer nada se não somos, em primeiro lugar, adoradores de Deus, com esse espírito de amor, se deixando amar por Ele. “Que em todas as coisas Deus seja glorificado” (cf. 1Pd 4, 11), em tudo que eu sou, em tudo o que eu penso, em tudo o que eu faço, que Deus seja glorificado!

Marie-Josette Bonneval, Fundadora da Comunidade Sementes do Verbo

Os Votos

Castidade
O nosso Carisma nos impulsiona a viver uma grande radicalidade e grande pureza, tão importantes face ao nosso mundo tão erotizado e promíscuo. Estamos no mundo, mas não somos do mundo: por isso é tão exigente viver hoje a pureza, a castidade e a virgindade. O mundo precisa de testemunhos de homens virgens, de olhar puro e de comportamentos castos e sadios, onde a amizade seja possível sem haver más intenções. Somos ensinados a viver o autodomínio. (…) Outro ponto essencial é o acompanhamento espiritual que permite nos conhecermos e amadurecermos, pois a nossa vida humana, afetiva e sexual passa por etapas, em que a vida espiritual e a vida comunitária nos ajudarão a evitar crises e rupturas em nossa vocação. Deve ser guardada e protegida a unidade interior da pessoa e que ela nunca perca o sentido e o centro de sua entrega: Cristo.

Padre João, missionário em Obala, nos Camarões


Pobreza

A Pobreza Evangélica consiste no abandono voluntário das riquezas e dos bens exteriores deste mundo com o fim de procurar unicamente a Deus. É, em palavras de São Jerônimo, “seguir nu a Cristo nu”. Mas a perfeição da Pobreza Evangélica não reside simplesmente na mera carência de riquezas ou bens materiais (pobreza efetiva), senão no desprendimento e desapego voluntário das mesmas (pobreza afetiva).

Padre Pedro, missionário em Palmas – TO

Obediência
Não estamos sozinhos neste caminho: somos guiados pelo exemplo de Cristo, o amado em quem o Pai pôs suas complacências (cf. Mt 3, 17; 17, 5), Aquele que nos libertou graças à sua obediência. Ele é quem inspira a nossa obediência, a fim de que se cumpra, também através de nós, o desígnio divino da salvação. Nele, tudo é escuta e acolhimento do Pai (cf. Jo 8, 28-29), toda a Sua vida terrena é expressão e continuação daquilo que faz o Verbo desde a eternidade: deixar-se amar pelo Pai, acolher incondicionalmente o seu amor, até chegar ao ponto de nada fazer por si mesmo (cf. Jo 8, 28), mas cumprir sempre o que agrada ao Pai.

Padre Tiago, missionário em Belém – PA

Sacerdócio e Vida Comunitária

O padre em Comunidade de Vida é chamado a viver uma sólida vida espiritual: a vida no Espírito, é claro para todos os batizados, mas particularmente para honrar o seu ministério sacerdotal, através da celebração cotidiana da Missa, assim como a oração e meditação do breviário. “Exercita-te na piedade” (1 Tm 4,7). Os padres devem celebrar a Missa todos os dias, mesmo se os cristãos não podem estar presentes, é um ato de Cristo e da Igreja.

Cada padre em Comunidade de Vida carrega um ou vários carismas pessoais, e é desejável que ele exerça o seu ministério presbiteral e a sua missão de acordo com os seus carismas pessoais. O padre em Comunidade de Vida é chamado a carregar sem cessar a preocupação missionária e a carga da salvação das almas. A santificação do clero é uma intenção de oração da nossa Comunidade.

Por outro lado, é bem importante formar os outros membros da Comunidade sobre a identidade “teologal” do padre como presença do Cristo-Cabeça no meio de nós… Ele não é um simples “leigo ordenado”, mas os outros irmãos deveriam reconhecer e respeitar os três “múnus” sacerdotais, que lhe foram conferidos pelo Cristo, Cabeça da Igreja: para santificar, ensinar, governar.

Diácono Georges Bonneval, Fundador SdV

“Reconheço o amor pessoal e terrivelmente sério, no dizer de Santa Ângela de Foligno, com o qual o Senhor conduziu minha vida. As notas fortes de sua canção de amor foram a Escolha de Deus, a Eucaristia, a Vocação Sacerdotal, a oração confiante, o gosto pelos desafios missionários, a juventude, especialmente os marginalizados. Hoje, tendo deixado tudo, devo dizer-lhes como é verdadeira a promessa do cêntuplo em pais, mães, irmãos, casas, tudo! (…) Peço-lhes que agora, que sempre falem uns aos outros da obra de Deus em suas almas, não tanto dos problemas, mas ofereçam uns aos outros esta oportunidade de verdadeira contemplação.”

— D. Alberto Taveira

“Foi quando eu, olhando seriamente para Jesus, presente no Santíssimo Sacramento, respondi em oração: “Senhor, tu sabes que eu não sou santo, mas se Tu queres, eu posso ser!”. Bastou dizer isso, senti duas coisas: paz e a certeza de que essa resposta consolava o Coração de Jesus, que estava ferido pelo pecado de seus eleitos. Então entendi que era isso que o Senhor me pedia de fazer e, desde esse dia (em maio de 2002) até hoje, nunca mais duvidei que o Senhor e somente Ele pode me fazer santo, através da vocação sacerdotal. Ou seja, mais uma vez aquela Cruz que era escândalo para uns e loucura para outros, tornou-se para mim sinal de salvação e motivo de responder a este chamado de Amor e Misericórdia do Bom Deus.”

— Padre Tiago