Por Dom Alberto Taveira Corrêa*
A missão só acontece quando se abre à graça, capaz de transformar em missionários ardorosos, pessoas antes marcadas pelo medo.
Desdobra-se diante de nossos olhos a imensidão de um mundo a ser evangelizado. A Boa Nova de Jesus se destina a todos os homens e mulheres de todos os tempos e de todos os recantos. Não é possível à Igreja resignar-se diante dos desafios, indiferença ou perseguição. Desde os primórdios ela enfrenta obstáculos de toda ordem para alcançar as mais distantes regiões do mundo.
Começando pelos primeiros que foram chamados por Jesus (Cf. Mc 6, 7-13), as sucessivas gerações de cristãos receberam a responsabilidade de transmitir a alegre notícia, olhando ao redor para alcançar o maior número possível de pessoas, olhando para frente, a fim de descortinar novos horizontes missionários, olhando para trás, para recuperar os que eventualmente tenham ficado caídos pelo caminho. A responsabilidade cabe a todos, cada qual na vocação ficar de fora, como espectador passivo!
Entretanto, sabemos que a missão não se realiza como fruto de um voluntarismo que pode chegar às raias de individualismo, num convencimento das próprias capacidades. Esta só acontece de verdade quando se abre à graça, capaz de transformar em missionários ardorosos pessoas antes marcadas pelo medo e a timidez.
Na graça do Batismo, recebemos a Missão Sacerdotal, sacerdócio comum dos fiéis, que pode ser entendido pelas palavras do Apóstolo: “Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Cf. Rm 12, 1-2). O mundo pode se santificar porque nós existimos, e somos portadores da graça, para que tudo seja abençoado, onde quer que chegue uma pessoa batizada.
Na graça do Batismo, recebemos a Missão Profética, na capacidade para oferecer a Deus nossa mente e nossa boca, interpretando os acontecimentos e a vida à luz de Deus, superando as muitas visões tendenciosas e parciais a respeito da vida. Chamados a uma vocação profética, onde quer que estejamos e qualquer que seja nossa origem e profissão (Cf. Am 7, 12-15), cabe-nos comprometer-nos com a verdade, testemunhá-la e anunciá-la.
Na graça do Batismo, participamos da Missão de Cristo Rei-Pastor. Tornamo-nos mutuamente responsáveis pela salvação do próximo. No amor de caridade, somos chamados a pastorear com Cristo a humanidade, no serviço, na acolhida, na presença junto a todos, especialmente os mais pobres, os sofredores, os pecadores e aqueles que se encontram afastados e rejeitados.
Quando considerarmos nossa sociedade, nosso trabalho e nosso lar como lugares de missão, então Deus terá um lugar, onde quer que estejamos, e nós seremos suas testemunhas corajosas. Não se defende a fé conservando-a para uso próprio, vivendo-a sozinhos, apenas na intimidade, mas oferecendo-a aos outros e compartilhando-a com quem vive ao nosso lado. Podemos tomar posse de novo da graça da missão, já recebida no Batismo.
* Dom Alberto Taveira Corrêa
Para a Comunidade Sementes do Verbo Dom Alberto Taveira Corrêa exerce o papel de Bispo garante desde o chamado para a fundação no ano de 2004 onde então era o Arcebispo de Palmas.
Atualmente Dom Alberto Taveira é Arcebispo de Belém do Pará e continua a pregar os retiros anuais da Comunidade onde celebra os compromissos e engajamentos dos membros de vida da Sementes do Verbo.